A In Loco tem planos ambiciosos para os próximos anos. Depois de receber investimentos de US$ 20 milhões liderados pelos fundos Valor Capital Group e Unbox Capital, em junho, a meta da empresa é se transformar na principal plataforma da Era da Computação Ubíqua, contexto em que a tecnologia será um recurso tão acessível e inteligente que se tornará natural e, em muitos casos, invisível. “Todo objeto será conectado à internet e todos eles responderão proativamente aos desejos e preferências das pessoas, sem comando, interface ou botões”, afirma André Ferraz, CEO e cofundador da In Loco.
O entusiasmo de Ferraz é grande, mas sua preocupação com liberdade individual e a consciência em relação aos riscos que trazem as novas tecnologias têm a mesma intensidade. “As plataformas de IoT são extremamente inseguras e invasivas”, afirma. “Se for fácil identificar uma pessoa em alguma dessas redes, e se for possível manipular os sistemas com facilidade, podemos perder o controle sobre a nossa privacidade”, alerta. É por isso que, juntamente com suas metas, a In Loco se propõe a trazer novos padrões de autenticação e personalização para IoT que usam apenas dados de presença física e comportamento de localização para controlar os dispositivos que estão ao redor do usuário, protegendo sua identidade, dados e informações pessoais.
Segundo o CEO, esse movimento está em sintonia com o propósito original da In Loco de aliar conveniência e privacidade na Era da Computação Ubíqua, algo definido ainda na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), quando os sócios se conheceram no curso de Ciência da Computação. “Quando começamos a falar sobre privacidade, lá em 2011, as pessoas achavam que estávamos doidos, mas os recentes casos de vazamento de dados mostram que o valor que queremos entregar é relevante para todos”, afirma ele.
Fundada em 2014, o primeiro passo da In Loco foi olhar para mercados que precisavam entender o comportamento do consumidor no mundo físico para criar experiências e estratégias de negócio baseadas em dados reais. Foi quando a empresa criou um produto para tornar mais relevante a conversa das marcas com seus consumidores, usando a tecnologia de localização para entrega de mídias no mobile de maneira contextualizada e levar visitas para as lojas físicas do anunciante. “Criamos a tecnologia de localização mais poderosa do mundo, 30 vezes mais precisa que o GPS e 2,4 mil vezes mais eficiente em consumo de bateria”, afirma Ferraz.
Neste ano, a In Loco pivotou de uma plataforma de mídia mobile localizada para uma plataforma que resolve problemas de conveniência e privacidade, mantendo os serviços de mídia, mas ingressando nos mercados de autenticação e engajamento para aplicativos mobile. O plano agora é usar os recursos recebidos para expandir e acelerar o desenvolvimento de novos produtos. “Concentraremos os investimentos sobretudo na engenharia e produto, além de pesquisa e desenvolvimento em privacidade e cybersegurança”, diz o CEO. “Nosso foco continua sendo a criação de uma plataforma para autenticação e personalização para aplicações de IoT”, finaliza.
Geolocalização: por que é preciso usar com moderação
Ética e respeito aos usuários devem pautar utilização de tecnologia extremamente poderosa
Quando mal utilizados, ou utilizados de forma antiética, dados de geolocalização possibilitam o monitoramento de todos os passos de uma pessoa. Com informações desse tipo é possível saber por onde ela andou, quanto tempo ficou e como chegou até ali. Não é isso. Com esses dados, uma empresa ou um órgão governamental pode identificar pessoas que estão em lugares que entregam informações mais sensíveis do que a localização pura, como estabelecimentos ligados a opções religiosas ou políticas. “O poder da tecnologia é muito grande e pode ter consequências catastróficas”, afirma André Ferraz, CEO e cofundador da In Loco.
Não é à toa que a preocupação com privacidade e segurança só vem aumentando, da mesma forma que a desconfiança em relação a empresas que trabalham com dados é crescente. Para Ferraz, chegamos a essa situação porque muitas empresas vendem o discurso de que privacidade é um valor a ser pago para se ter a conveniência digital. “Alguns executivos defendem isso publicamente com tanta veemência que as pessoas passaram a acreditar que toda e qualquer empresa que trabalhe com dados não se preocupa em manter a privacidade de seus usuários ou consumidores”, afirma.
É uma ideia equivocada, ele garante. E o exemplo, claro, é da própria In Loco, cujo maior orçamento é direcionado à privacidade do usuário, especialmente à sua “anonimização”, que consiste em processar dados de localização impedindo que a pessoa possa ser identificada. O desafio é grande porque bastaria cruzar alguma informação sobre localização com histórico de compras com cartão de crédito ou dados de sinais de operadora de telefonia, por exemplo, para saber quem é quem naquela infinidade de bytes. “Nós não coletamos informações que levem à identidade civil das pessoas, não registramos visitas em lugares sensíveis, não vendemos dados, não trabalhamos com política”, afirma. “Queremos usar a tecnologia para servir as pessoas e não o contrário, por isso privacidade pauta qualquer decisão de negócio da In Loco.”
Mais clientes e mais vendas nas lojas físicas
Solução para atrair consumidores por geolocalização tem modelo de comercialização Custo por Visita (CPV)
Anúncios para celular enviados na hora exata e no lugar perfeito podem atrair mais pessoas para as lojas físicas. É isso o que a In Loco se propõe a fazer. “A novidade é que criamos um modelo de comercialização exclusivo, o Custo por Visita (CPV)”, afirma Eduardo Abreu, head of advertising Sales. Com ele, os anunciantes pagam apenas pelo número de consumidores que de fato entraram em suas lojas depois de impactados.
Imagine que uma varejista queira atrair mais pessoas para sua loja de produtos esportivos. A In Loco usa sua tecnologia para alcançar pessoas que costumam frequentar academias, parques e a concorrência. Tudo isso é feito por meio de geolocalização. “No final, o anunciante paga apenas pelo número de pessoas que visitaram a loja”, explica Abreu.
A estratégia já se mostrou eficiente para clientes atuais da In Loco, que aumentaram entre 12% e 17% as vendas totais em lojas físicas e tiveram aumento na conversão de push nos seus aplicativos.
Outra possibilidade que esse entendimento de contexto oferece é a de o varejo atuar rapidamente para estabelecer contato com os consumidores quando eles estão nas lojas da concorrência. “O consumidor pode sair de um estabelecimento para comparar preços em outro, por exemplo”, explica Abreu. A tecnologia de geolocalização consegue identificar esse momento, exato contexto para enviar uma oferta via push apenas para as pessoas que fizeram esse movimento. A comunicação pode ser enviada pelo app do cliente In Loco, se ele estiver no celular do consumidor, ou por meio da rede de 25 mil aplicativos conectados à rede In Loco. “Temos 60 milhões de dispositivos na nossa base, 28 milhões de estabelecimentos comerciais mapeados em todo território nacional, sem limitação de região, e mais de 1,8 bilhão de visitas a locais mensalmente”, diz o head of advertising Sales da In Loco.
Solução melhora experiência de cadastro via app
Address Validation, da In Loco, dispensa envio de comprovante de residência e reduz em até 80% a taxa de abandono no funil
Em 2018, o número de contas que usam mobile banking passou de menos de 57 milhões em 2017 para 70 milhões. O número de transações realizadas por mobile também deu um salto. Em 2018, foram nada menos que 31,3 bilhões, praticamente o dobro dos 18,6 bilhões registrados em 2016. Os dados são da última pesquisa Febraban, que também aponta crescimento no número de contas abertas pelo celular. No ano passado, foram 2,5 milhões, o que representa um aumento de 56% em relação ao 1,6 milhão registrados em 2017.
Segundo Rodrigo Junco, vice-presidente de Sales da In Loco, esse número poderia ser ainda maior se mais instituições financeiras pudessem eliminar a etapa de envio de comprovante de residência para realização de cadastro. “Nossa solução Address Validation reduz em até 80% a taxa de abandono no funil de cadastro de usuários em aplicativos de empresas digitais”, afirma ele. Além disso, diminui a burocracia e evita fraudes na abertura de novas contas digitais.
Isso ocorre porque a inteligência de localização pode ser embutida no app para validar, por dados de localização, o endereço fornecido pelo cliente no momento do cadastro. “A comprovação é feita em poucas horas, sem necessidade de envio de documentos”, diz ele. “Quem ainda anda com um comprovante desse tipo na carteira?”, questiona.
No entanto, o VP faz questão de ressaltar que, como todas as soluções oferecidas pela In Loco, a coleta de dados de localização é feita apenas com consentimento do usuário. “Ele precisa baixar o app e autorizar a localização”, explica Junco. “Tudo o que fazemos passa pela autorização do usuário”, reforça.
Inteligência O2O ajuda a entender jornada completa do consumidor multicanal
Dados reais permitem que varejistas e instituições financeiras influenciem decisão de compra no ponto de venda
Consumidores não veem diferença entre mundo online e off-line. Eles querem conveniência, fluidez e agilidade, tripé que faz parte do desenvolvimento de todo produto In Loco. Ser multicanal é o primeiro requisito para atender essas exigências, mas não é o único. Varejos de eletroeletrônico, de moda, concessionárias, operadoras de telecom. E instituições financeiras cada vez mais precisam de inteligência para compreender a totalidade da jornada de seus clientes e, a partir desse entendimento, criar experiências melhores e estratégias de negócios baseadas em dados reais. É exatamente essa a proposta da plataforma de inteligência de dados da In Loco. “Nós nos propomos a resolver essa dor e dar visibilidade total sobre o comportamento do consumidor para varejos e meios de pagamento”, afirma Rodrigo Junco, vice-presidente de Sales da In Loco.
Junco conhece bem as proporções desse desafio. Afinal, no online é muito mais simples metrificar toda a jornada do cliente, desde o awareness até a compra. “No mundo físico, avaliar a decisão de compra do consumidor é muito mais desafiador”, afirma. “No entanto, quem entende qual é o exato momento em que ele tira a carteira do bolso no ponto de venda tem mais chances de influenciar esse resultado”, diz ele.
Dados aplicados à inteligência dos negócios dos clientes permitem maior entrega de valor
Para isso, a tecnologia proprietária de alta precisão da In Loco, desenvolvida há mais de dez anos, usa os sensores dos celulares e também inteligência artificial para dar contexto a dados de localização de apps parceiros e transformá-los em soluções de negócios para empresas que buscam ser omnichannel. Oferece, por exemplo, acesso a dados de fluxo em loja e comportamento de visita dos consumidores.
Analisando essas informações, é possível identificar a área de maior influência de uma loja, comparar o fluxo de visitas em diferentes lojas de uma rede e até comparar a performance de lojas concorrentes. No fim das contas, esses dados podem ser utilizados para aumentar a eficiência da estratégia de expansão de negócios de lojas físicas ou para saber onde a força de vendas deve se concentrar. São algumas das possibilidades. “Empresas de bens de consumo que utilizam nossa solução aumentaram em 60% a eficiência de vendas ao identificar lojas-alvo”, completa.
A plataforma da In Loco ainda permite a criação de anúncios e notificações push para as pessoas certas, definidas com base nos locais que elas frequentam ou no local em que estão naquele determinado momento, avaliação do retorno que as ações trazem para o negócio e também a conexão de seus dados com aplicativos, sistemas ou plataformas do cliente. Tudo isso sem acessar dados pessoais dos consumidores nem invadir sua privacidade. “Não precisamos saber nome, CPF ou endereço das pessoas”, afirma Junco. “O padrão de comportamento do grupo de consumidores é a informação estratégica para nossos clientes”, finaliza.
“A privacidade será cada vez mais valorizada e exigida”
Defensor da transparência e do direito de o consumidor ter controle sobre quais dados são utilizados a seu respeito, para qual finalidade e de que forma, André Ferraz, CEO e cofundador da In Loco, acredita que o respeito à privacidade será cada vez mais inevitável, valorizado e exigido pelas pessoas. Confira o que ele pensa.
Na sua opinião, qual é o futuro da transparência e da privacidade?
André Ferraz — Nos países livres, vejo que será inevitável respeitar a privacidade do consumidor. As empresas precisarão obrigatoriamente assumir a responsabilidade de serem transparentes e mantenedoras da privacidade das pessoas para sobreviverem. Quem não tiver essa postura mais cedo ou mais tarde vai ter seus dados vazados e aí terá uma crise de imagem, de reputação,que poderá representar o fim da credibilidade e dos negócios. Os clientes não aceitarão essa conduta.
Você acredita que novas regras e até a conscientização das empresas possam garantir mais privacidade às pessoas ou, ao contrário, a privacidade esteja realmente com os dias contados?
André Ferraz — A privacidade será cada vez mais valorizada e exigida pelas pessoas. As novas leis e regras já vão nascer mais atrasadas do que a demanda de certos grupos de pessoas sobre o uso de seus dados. Para outros grupos será o ponto de gatilho para que elas se eduquem a respeito e passem a exigir boa conduta das empresas. A privacidade é o futuro, não tem como ser diferente.
De que forma a In Loco ajuda clientes a entender melhor o comportamento de seu consumidor, levar mais pessoas para lojas físicas, ativar ofertas por meio do app e validação de endereço por dados de localização, por exemplo, garantindo privacidade aos consumidores?
André Ferraz — Nós mapeamos comportamento e jamais a identidade de pessoas. Mesmo na solução de validação de endereço, a In Loco consegue validar o endereço do usuário sem ter visibilidade sobre o endereço declarado pelo mesmo. Nós criamos a versão privacy-friendly de vários produtos em mercados que o status quo era a invasão da privacidade: Ad-Tech, Martech, CRM, Autenticação e Antifraude. A base desse tipo solução está na identificação dos usuários, mas encontramos formas de solucionar os problemas que essas ferramentas resolvem, preservando o anonimato do usuário e ainda entregando resultados muito superiores. Garanto que é possível. Só não posso contar a mágica.